segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Curioso Caso de Benjamin Button

by.Queiroz





A cena mais triste do filme é a que se aproxima de sua conclusão, em que a Sr.ª Daisy (Cate Blanchett) olha para os olhos do bebê Benjamin e constata que ele a reconheceu e o mesmo fecha os olhos dando um fim aos seus 80 anos de vida. E que vida ele levou. Navegou, participou de uma batalha em alto-mar, deitou-se com mulheres da vida, amou duas mulheres, uma que adorava a sua companhia, e conversando toda a noite até o amanhecer (Elizabeth - Tilda Swinton) e a outra Daisy (Cate Blanchett) o amor de sua vida, a mulher pela qual ele queria “envelhecer” ao seu lado. Nessa vida ao contrário, Benjamin (Brad Pitt) viu muitos dos seus morrerem “cedo”, ele que foi deixado na porta de um Asilo por seu pai (Thomas Button - Jason Flemyng), sendo acolhido por uma jovem (Queenie -Taraji P. Henson) que não poderia ter filhos, e apesar dele ser diferente, era uma criatura de Deus como qualquer outra. Se você pensar bem pessoas idosas não deixam de voltar a ser crianças de certa forma. Acabam voltando as fraudas de qualquer jeito. E passar os anos e ter a sensação que está mais sadio e mais jovem, não é uma exclusividade da ficção. É engraçado quando o Capitão (Jared Harris) questiona Benjamin se com “todo o seu tempo de vida” nunca tinha conhecido uma mulher e após ouvir a resposta retruca de como aquilo era triste. Tal a intimidade do espectador com a estória, que acaba sendo convencido da virgindade daquele menino velho. Quando ele vai rejuvenescendo e na medida em que chega ao ponto em que a mulheres da sala escura começam a fazer fiu-fiu, você acaba achando que o trabalho de Brad Pitt nessa etapa do filme acabou e que tudo seria mais fácil, e que não haveria mais o porque de ficar envolvido com a estória. Que nada. É triste quando Benjamin chega a conclusão do inevitável após a informação da gravidez de sua amada Daisy, constata que não poderia ter uma vida como a de qualquer pessoa. Que sua velhice precoce, não se comparava ao ardor de sua inevitável juventude, e que não poderia ser pai, e que muito menos poderia fazer sua mulher se tornar a sua mãe. Por isso ele se afasta, vai ver o mundo experimentar as mais diversas sensações, conhecer diferentes povos e cada lugar que ele foi, fazendo questão de enviar uma mensagem a sua filha de como gostaria de estar presente e as lições que a vida estava lhe dando. E Caroline (Julia Ormond) nesse momento em que esta lendo essa parte de seu diário sente vontade de ter conhecido melhor seu pai, e não ter apenas cumprimentado ele uma única vez aos 12 anos. É um filme diferente de outros que eu vi que falam sobre a passagem brusca do tempo. E fiquei atordoado com a imagem do Benjamin aos 12, sem memória, sem novos rumos e evidentemente sem um futuro. Porque se em Click do Adam Sandler e o Homem Bicentenário do Robin Willians, te dão a sensação que ainda dá tempo, nesse você sai da sala com aquela coisa de: ”Eu não fiz nada ainda” ou “Tudo passa rápido demais”. O que eu posso dizer como um alento que o filme não nós dá? Sinceramente, não sei. Prefiro fechar o texto com a clássica frase de John Lennon: “A vida é aquilo que acontece com você, enquanto está ocupado fazendo planos“.

WATCHMEN

by.Queiroz
O filme de Zack Snyder, é um exemplo de como se deve dar trato a uma adaptação ou transposição de hqs para o cinema. Tudo é fabuloso, desde a fotografia à escolha das trilhas sonoras que vão de Bob Dylan a Jimi Hendrix, e sem falar do elenco escolhido a dedo. Não sei o nome dessa técnica do início do filme que as pessoas ficam em pose para foto e ao mesmo tempo há movimento, como a que o Comediante (Jeffrey Dean Morgan), está sorrindo para as fotos segurando o pescoço de um gatuno, e a arma do bandido ainda dispara, assim como várias. Há uma bela imagem de uma manifestante, colocando uma rosa no cano de um fuzil, que dispara o que nos leva a melancolicamente a pensar naqueles que desarmados encaram fuzis pelo que acreditam. Watchmen que pode ser entendido tanto como os vigilantes ou Homens Relógio, faz muito sentido quando é entoada a música de Dylan com os versos “Times they are changing”, casa tanto com o apelido da trupe, dado por manifestantes que tem desagrado contra eles, quanto a passagem de tempo que retrata o fim do grupo de super-heróis veteranos, Os Minutemen, com o surgimento do Watchmen e a instauração da Lei Keene, proibindo as ações dos grupos fantasiados. Aliais a trama perde muito em não incluir as imagens exibidas na campanha viral do filme, principalmente a propaganda governamental realtiva a Lei Keene, uma pena mesmo, algo que deve ser corrigido nas versões em blue-ray. Os efeitos especiais, estão entre aqueles que a última geração presenciou de melhor. Se disputar a estatueta, na categoria de Efeitos Especiais, espero que não a perca para um Benjamin Button da vida. As cenas de violência são sem dó, como seriam numa hq, seguindo o mesmo exemplo de Sin City e 300, em que elas são potencializadas, assim cenas de nudez e sexo. Sim pais, é um filme para maiores de 18 anos. Agora falando do que me desagrada na trama, são as pausas, para explicar as origens, dos personagens. Saber por exemplo, a origem do Dr. Manhattan (Billy Grudup), só foi um bela balde de água fria, e até quando ele volta ao filme dá aquele desanimo, eu pensei: ”Lá vem esse mala, denovo”. Tanto na HQ, quanto pelo próprio Alan Moore e fãs da graphic novel, O Dr. Manhattan é considerado o Superman da “vida real”, razão pela qual o EUA, nessa realidade venceu a Guerra do Vietnã. Aliais um ponto muito forte na trama escrita por Alan Moore, de não adaptar as Hqs ao mundo real, onde os fatos políticos históricos seriam exatamente os mesmos, mas demonstrar como o mundo real seria se os super-heróis fossem reais. Tanto que nessa realidade, Nixon se reelegue, afinal, ganhou a guerra do vietnã. No entanto, devo dizer que quanto ao Dr. Manhattan ser uma versão do Superman na vida real devo veementemente discordar. Pois a despeito de todo o seu poder, o Superman, tem como caracteristica mais marcante o sentimento de altruísmo elevado, e carrega a frustação de que quem ele ama e protege não seja tão indestrutível quanto ele, a começar por seu pai adotivo, que morreu de infarto, mesmo todo o seu poder era inútil para evitar isso, e acaba que devotando a sua vida para proteger o planeta que o adotou de constantes ameaças. Já o Dr. Manhatthan, se tivesse nascido Alemão, o Hitler teria ganho a guerra, pois ele é o Superman imaginado por este, o ser perfeito destituido de sentimentos menores. Aliais diferente do Superman, tão preocupado com o próximo, o Dr. Manhattan, com seus infinitos poderes sob a matéria, tendo até com a capacidade de viajar para Marte, acredita que aquele planeta sem nenhum habitante, está em mais harmonia com a vida do que o planeta Terra lotado de habitantes. Não duvido que o personagem renda uma boa leitura, mas transposto para a tela de cinema, este pode dar as mãos ao Surfista Prateado como um dos personagens mais chatos de hqs. Ele podia levar com ele o Surfista Prateado, o Magneto do desenho X-Men Evolution e o Sylar de Heroes para o Planeta Marte e fica lá, e nunca mais voltar. Uma mala sem alça, e sem cueca. A única pessoa a qual ele nutre sentimento de amor é Laurie (Malin Åkerman), filha de Sally Jupiter (Carla Gugino), e herdou o nome de super-heroína da mãe, Espectral, seguindo o exemplo da mãe, mais para não decepciona-lá, assim como faria uma filha de uma modelo. Namorada do Dr.Manhathan (Billy Crudup), ela sofre por namorar com alguem que aparentemente está por causa dos seus fabulosos poderes acima do bem e do mal, se sentido no fim das contas só, mesmo que seu namorado tenha o poder de criar quantas réplicas quiser de si mesmo, podendo estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Por causa, de sua investida no mundo dos super-herois, acabou se isolando de pessoas comuns, acaba que por só ter amizade com Daniel Dreiberg (Patrick Wilson), apaixonado por ela. Ela está no grande escalão das musas dos quadrinhos, e com certeza vai virar a fantasia fácil para as mulheres nas próximas festas. O único personagem cuja a origem visivelmente pareceu interessante como um diferencial ao desenvolvimento da trama ao ser transposta para o cinema, foi a do Rorschach(Jackie Earle Haley). Vítima de traumas de infância e de um pior ainda trabalhando como vigilante, é um um homem que esconde completamente seu rosto atrás de uma máscara branca com um desenho rorschach, que são aqueles borrões que os psicologos mostram para os paciente para perguntar o que eles estão vendo. Aliais no filme inexplicavelmente, esse desenho muda a toda hora sua forma, causando até um efeito interessante, mas sem que, nem porque, afinal o personagem, não possui habilidades sobrenaturais. Detetive eficiente mandou vários para a prisão, e em certo ponto da trama é preso tendo que rever seu algozes, aliais uma das cenas mais memoráveis do filme quando os policiais retiram sua máscara ele pede para devolverem seu rosto, e quando revelado, o ator Jackie Earle Haley não deixa a peteca cair, realizando um trabalho impecável. É quase um Clint Eastwood, com sua voz embargada, e amargura e senso de justiça elevado. É comparável ao Marv de Sin City, interpretado por Mickey Rourke, no que tange a passagem de um personagem de Hq para a telona, o tornado mais vivo, crível, e marcante o possível, sem mudar uma linha do texto original. Pena que originalmente ele não seja o protagonista da trama, e até esperava que fosse mais bem explorados seus dotes como detetive, mas sem dúvida é figura que fica de positiva na sua cabeça quando você sai da sala de projeção. No entanto é mais fácil se identificar com o Coruja (Patrick Wilson), um herói a moda antiga, cabeça fria, boa pessoa, entre os Watchmen o detentor de maior bom senso, e possuindo ótimos aparatos tecnológicos, que seriam seus óculos, com visão noturna elevada, capazes de identificar qualquer pessoa, e sua nave, que lembra um mini submarino, seria quase que uma versão moderna do Batman de Adam West. Apaixonado por Laurie (Malin Åkerman), (mas também quem não o é?), no filme cai como o personagem que aparentemente parece ter mais facilidade em lidar com o dia a dia de uma pessoa normal, mas na verdade, essa atitude é uma máscara, para esconder a saudade dos áureos tempos de super-herói, o que lhe causa uma grande frustração, o que chega a lhe dar impotência sexual. Quando resolve voltar a atuar como vigilante, muito é verdade inspirado pela presença de sua amada, Laurie, volta a ter alegria de viver. Dos personagens da trama, é o único que pode carregar tranquilamente a alcunha de super-herói. E quem é o homem que é jogado pela janela no trailer? O comediante (Jeffrey Dean Morgan), alterego de Edward Blake, o começou sua carreira como um vigilante, membro dos Minutemen, nesse universo proposto por Alan Moore, o únicos super-heróis existentes, depois tendo em vista a guerra do vietnã foi inserido em um grupo paramilitar. Machão inveterado, tinha um relacionamento complicado com Sally Espectral (Carla Gugino), a qual uma vez espancou e tentou violentar, impedido por outro membro do grupo de vigilantes a qual pertencia. Desumano ao estremo, é um sádico mata com um sorriso no rosto. Ele crê que a violencia exarcebada e a vitória no vietnã,o retrato mais fiel do Sonho Americano. Seria o Comediante asssassino de JFK? O Comediante não é um anti-herói, ele é um vilão que trabalha do “lado certo”. “Mamãe me perdoe”, ele diz duas vezes, como uma forma de clamar perdão por suas atitudes crueis. É assassinado no início da trama em seu aposentos jogado por sua janela por um homem misterioso. Assim como aconteceu com Hugh Jackman em relação ao Wolverine, Jeffrey Dean Morgan nasceu para ser o Comediante. Por fim, temos Ozymandias (Matthew Goode), alterego de Adrian Veidt, que tornou sua identidade secreta pública, e com isso conseguiu faturar muito dinheiro. Seu codinome vem de um poema de Percy Bysshe Shelley, que descreve a estátua do Rei Ozymandias esquecida no deserto. É o homem mais inteligente do mundo, tem como ídolo Alexandre O Grande, e adaptou os pensamentos do mesmo ao mundo empresarial moderno. Sua capacidade mental é tamanha que chega a influenciar no seu aspecto físico, o tornando um exímio lutador, sendo capaz até de pegar uma bala apenas calculando a sua tragetória. Ele é a compensação por Watchmen não possuir super vilões, sendo o ponto controverso. No universo hq regular, este poderia ficar horas conversando com Lex Luthor, lhe dando ideias bem melhores para o seu planos. Se o Batman de Nolan, continua sendo a melhor adaptação de hqs exibidas no cinema, talvez seja pelo fato que a verdade não é suficiente, as pessoas precisam de algo mais, e também seja algo mais confortável que crer que só um grande mal pode unir a todos. O mundo ainda não está preparado para Watchmen, assim como Rorschach, para as ideias de Ozymandias.

Bastardos Inglórios

by.Queiroz


Esse foi o ano dos filmes da 2.ª Guerra Mundial, tivemos O Leitor de Stephen Daldry, Operação Valkiria de Bryan Singer e no Brasil, Tempos de Paz que fala do drama de um Polonês que sobreviveu aos horrores da Guerra. Levando em conta que O Leitor questiona o que você faria no lugar deles, Valkiria fala dos que lutaram contra o regime estabelecido, e Tempos de Paz dos pontos em comum entre as torturas de guerra e os porões da ditadura, consideramos que todos têm em comum, buscar na realidade uma base para poder discutir bem o assunto. Bastardos Inglórios, não tem essa pretensão, até disserta bem sobre certos fatos históricos, cinematográficos e faz divertidas referencias, mas deve ser encarado com a mesma seriedade de alguém que está assistindo a Kill Bill Vol.1 ou Vol.2. Ou seja, não pense que ira a sala de cinema assistir a uma obra edificante no que tange ao ponto de vista histórico e tudo mais. Não, apesar de ser ambientado na segunda guerra, é cinema para diversão, assim como qualquer outra obra que Tarantino tenha realizado até hoje. Mas, claro, ele realiza isso da maneira mais refinada possível, e na força dos idiomas e diálogos que prendem nossa atenção durante 153min. de duração. Sem dúvida nenhuma o grande destaque do filme fica por conta do oficial Landa (Christoph Waltz), com seus interrogatórios inteligentes e precisos, e todos os seus trejeitos e sua habilidade em falar várias línguas. Bate uma certa frustração em o cartaz destacar tanto os Bastardos, mas aquilo que o trailer vende, não chega a ser a gasolina do filme. Temos sim os escalpos e a violência pontual de Taranta, mas reside no terror psicológico, os pontos de maior violência do filme. A subtrama da francesa Emanuelle (Mélanie Laurent) dá um rumo muito mais interessante ao filme do que as pretensões dos Bastardos.


INVICTUS

by.Queiroz



Nenhum povo entende tanto quanto o brasileiro o quão a proximidade do esporte do povo, dá este a moral para seguir bem os seus dias. Para uma parcela ganhar uma copa do mundo não traz benefícios ao povo, pois os países desenvolvidos levam bomba nos esportes e tem um bom um desenvolvimento político. Ora, esse é um pensamento que vê de um ângulo muito pequeno a situação. Com tantas mazelas políticas ver pessoas ganhando honestamente a vida e vencendo com o seu suor e representando o país no exterior é uma maneira mais do que justa de demonstrar o Brasil que deu certo. Mas, porque essa introdução se o texto é para falar de Invictus, que retrata um time de rúgbi da África do Sul? Bem, o esporte é outro, mas a intenção de Madiba, ou melhor, Mandela foi a mesma, quando tomou as dores dos Springboks, um time de Rúgbi com poucas chances na Copa do Mundo. A discussão do medo e do rancor envereda muito bem pelo filme, o medo na figura do chefe de segurança de Mandela, sempre a espera de algum atentado ao Presidente Africano, e rancor nas declarações dos personagens que não compreendem porque Mandela resolveu apoiar entre claras aspas seus algozes. Tirar de uma parcela do povo o que ela presa, não é uma forma de suprir uma antiga injustiça, Mandela queria demonstrar a mudança de sua gestão, que o fim do Apartheid teria que trazer benefícios tanto aos de pele clara quanto os de escura. Daí vem o herói do filme François Pienaar, muito bem interpretado por um parrudo Matt Damon, alguém sem mácula que inspirado por um grande líder vai lá lutar por seu país. O Clint Eastwood gosta de trabalhar com personagens que mudam de idéia no decorrer da trama, aprendendo algo importante. E parece que tem certa queda pela cor verde, vide a Menina de Ouro. A realização de um filme com um final feliz, quem diria, assim como os personagens de seus filmes marcados por uma drástica mudança de idéia, creio que talvez Clint Eastwood esteja mudando também as suas.


GRAN TORINO

by.Queiroz

Gran Torino a principio só parece ter uma coisa diferente de Menina de Ouro: o personagem de Clint Eastwood. Enquanto Frank Dunn, só tinha coisas boas para oferecer com seus talentos profissionais, Walt Kowalski carrega o peso das mortes de sua carreira militar. Temos o padre, a garota esperta, a família que não vale nada, o desajeitado, o aprendizado, o amigo, a interferência do mundo, a falta de fé e por fim a morte de um personagem importante para a trama. Então vejamos o diferencial. Eu já aponto como o breve dialogo entre a irresistível Sue (Ahney Her) e Walt (Clint Eastwood), demonstrando a conseqüência da recuada dos EUA, do Vietnã, levando a quem “eles estavam protegendo”, sair de seu país e ir para o lar de “seus amigos” americanos, para no fim das contas serem chamados de chinas. O filme resguarda certas semelhanças com Crash, no que tange a intolerância entre diversos grupos de origens diferentes. Claro que esses conflitos por vezes terminam em piada como na amizade de Walt e seu barbeiro (John Carroll Lynch). O Dj Mau Val da Oi Fm, disse uma coisa sobre o filme que tenho que concordar. O fato de ter em comum com O casamento de Rachel e O visitante, serem três estorias de pessoas que mudaram suas vidas através dos choques culturais. Se falar de falta de fé e intolerancia são uma maneira de buscar mais fé e tolerancia sinceramente não sei. Mas, fica claro que Clint Eastwood não perde a sua capacidade de contar estórias bonitas.

Deixe ela entrar

by.Queiroz



No tempo que vampiro cinzento leva bola nas costas da namorada que pega lobisomem bombado, que tal o romance entre um garoto de sofre de bulling no colégio e uma vampira com aparecia de 12 anos? Com a mesma simplicidade do argumento, a estória se desenrola de maneira convincente em Deixe ela entrar. A falta de dó com o telespectador ao demonstrar cenas de estrema violência, como as que Hakan (Per Ragnar) corta o pescoço de vítimas dependuradas para poder alimentar a vampira Eli, não diminui o filme em nada, afinal são belas cenas violentas, totalmente inseridas no contexto, nada gratuíto, pois na medida que o filme se despe de maneirimos como criar suspense com trilha sonora ou efeitos especiais extremamente sofisticados. Faz pouco mais faz bonito. Seguindo a risca antigas regras dos vampiros: Ser destruído pela luz do sol e nunca entrar em uma casa sem ser convidado, é convincente, mesmo que Eli não tenha presas pontudas. Na verdade sua pequena boca na maioria das vezes está fechada, quando lambuzada de sangue. Abre mão de qualquer referencia religiosa, limitando o vampiro a um ser diferente com muita fome. Senti que certa personagem que escapou viva de um ataque de Eli, poderia ter dado contornos bem interessantes ao filme, mas a idéia foi jogada ao fogo de pronto. E também o verdadeiro rosto de Eli, deu uma enfraquecida, no convencimento em relação à personagem, acho que a jovem Lina Leandersson poderia ter se virado bem sem o tal artifício. Vale falar da boa fotografia do pálido Kare Hedebrant na pele do garoto Oskar. Como vampiras na tenra idade assustam. Cabe a Deixe ela entrar ficar ao lado de Entrevista com o Vampiro na minha prateleira.


U.S. x John Lennon

by.Queiroz




Qual a importância de um artista para a sociedade a ponto de mobilizar o povo politicamente? Porque John Lennon, um artista que foi um ícone pop, se tornou de uma hora para a outra um ativista político, ou melhor, potencialmente um pacifista?

Essas e outras perguntas encontram resposta em The U.S. X John Lennon. O filme se inicia de forma irregular tecnicamente falando, pois ganha a cara de extras de DVD, com sempre alguma personalidade sentada numa cadeira que teve direta ou indiretamente uma ligação com Lennon, inclusive a viúva Yoko Ono. No entanto, a ausência dos depoimentos de Paul McCartney e Ringo Star, que por ventura poderiam enriquecer o documentário, afinal se na época de ativismo houve um afastamento de Lennon dos outros Beatles, seria bom ouvir a opinião deles hoje em dia sobre o episódio, mas acaba que não se tornando necessário, eis que as testemunhas da fase militante de John Lennon estão presentes para dar seus depoimentos no documentário. O filme retrocede a fase de infância de Lennon, buscando entender o porquê da sua rebeldia, atribuindo como motivo a separação dos pais, sendo John criado apenas por sua mãe. Aí dá um salto para a queima de discos do Beatles, após a declaração de John Lennon, que para a juventude inglesa os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo, algo que de pronto ele tentou se retratar, pois haviam interpretado ao pé da letra sua declaração, mas enfim, essa é a parte do filme para demonstrar o quanto a força da palavra de um Beatle poderia valer. Daí, imagens dos Beatles tocando Revolution. Pula para a lua de mel televisionada de John e Yoko, em que numa atitude esperta do casal, acabou se tornando um longo protesto de paz. Claro, contestado e ridicularizado pela imprensa. Daí o filme pega ritmo, e traça aquilo que a premissa tem a intenção de demonstrar que é quanto o poeta, pacifista e cantor incomodou os Senhores da Guerra. Com uma trilha sonora que conheço muito bem, eu que sou mais entusiasta do Lennon solo do que na sua carreira junto aos Beatles, hits como Give peace a chance, Imagine, Working class Hero, e outros, e seus eventuais significados. E as imagens de arquivo, tomam o contorno de demonstrar um Lennon, mais do que vivo e compreender muito bem a sua pessoa, e seu bravo combate contra a apatia da juventude, e o quão assusta lideranças repressoras a luta pela liberdade de expressão. PEACE & I LOVE NY.



Scott Pilgrim contra O Mundo

by.Queiroz



Scott Pilgrim é o melhor filme inspirado em vídeo games já feito até hoje a despeito de ser uma adaptação de quadrinhos. Há duas maneiras de analisar Scott Pilgrim, uma pelo primor de seus efeitos especiais e coreografia que pode ser posta sem parecer que está sendo superestimado ao lado de Kill Bill, nesse formato oriental com rostos ocidentais e outra pelo seu teor comédia romântica que vou deixar para as últimas linhas do texto para comentar. Ninguém olha para Michael Cera esperando que seja o tipo de pessoa que vá se dar bem numa briga, mas o magricela por um milagre de boa direção consegue convencer na pele do garoto brigão dos quadrinhos. Talvez, a motivação desse Daniel San do século XXI, reforce a crença, pois quem não cairia na porrada por Ramona Flowers?? O filme que trabalha na mesma velocidade de uma sitcom, em que as piadas são atiradas por segundo na tela, tendo até direito a uma breve homenagem a Seinfeld, soma coisas que serão reconhecidas por quem jogou Mario Bros. nos anos 90 como por ex. os oponentes virarem moedas quando abatidos, ou Street Fighter, com o famoso K.O!!! vindo na tela. Aliais desde o Batman de Adam West que não se vê tantas onomatopéias tão bem utilizadas em cenas de luta, o que hoje surge do resultado de efeitos especiais muito bem feitos, e cenas de lutas diferentes e bem construídas. Quem há de esquecer Brandon Roth, eternamente vaiado por Superman,O Retorno, encarnando um roqueiro vegetariano com poderes paranormais, travando uma Bass Battle com Scott Pilgrim. E destaco que a minha seqüência de luta preferida seja mesmo a da ex namorada lésbica de Ramona que quando rodopia para dar um chute em Scott tem seu pé parado no ar por Ramona e se vê na tela entre elas as letras VS, é sensacional, toda a seqüência e sua hilária e até imprópria conclusão. Falando do lado comédia romântica, peca, sabe, pois toda a preocupação que se tem em formatar como uma excelente fábula de vídeo game, lhe falta para o lado comédia romântica, talvez a alma indie de um Juno ou mesmo um Brilho Eterno de uma mente sem lembranças, não é dada a Michael Cera a oportunidade de ir além óbvio. Essas limitações de atuação de Michael Cera, só são suprimidas nos momentos de explosão do Scott Pilgrim, mas quando para e fala sério, não dá para o rapaz. A Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), apesar de por vezes ser frigida ainda assim você consegue vislumbrar uma alma para a personagem, o que não acontece com Scott, quando no terceiro ato ele diz que está lutando porque ama a Ramona, durante todo o tempo da projeção todos deveriam estar convencidos, mas não rola, pela falta de química dos personagens. É o grande problema do filme, o Scott Pilgrim é um cara fanfarrão que muda de uma namorada para outra sem nem estar aí, talvez pela debilidade de Michael Cera convencer como um sujeito assim, e mais como aquele cara frágil, bem banana, que a meninas sentem uma queda, mas por o filme ser muito engraçadinho, você não se incomoda com os momentos pseudo românticos. É por isso que para mim como comédia romântica vale apenas um ingresso, como filme inspirado em vídeo games vale três ingressos, subtraindo, chegamos a dois ingressos. Ah, sim, devo dizer aqui que graças ao Grupo Estação consegui assistir ao filme no Estação Botafogo no dia de sábado, pois eis que a distribuição da Universal no Brasil não foi nada camarada. GAME OVER

VALE DOIS INGRESSOS

Blue Valentine


É desagradável pensar que os melhores filmes sobre amor sejam justamente os que retratam fins de relacionamentos: Apenas o Fim, Separados pelo Casamento, 500 dias com ela... enfim, Blue Valentine (me recuso a dizer o título do filme em português, é vergonhoso!!), entra nessa boa galeria. Sob um prisma de ponto de vista mais feminino sobre a questão, uma mulher inteligente e seus relacionamentos com idiotas possessivos (não a priori, por culpa dela é bem verdade). Michelle Willians passeia pela simpatia e antipatia de Cindy, e talvez a única personagem que é beneficiada com a falta de linearidade da trama. Há coisas em que num primeiro instante parecem que vão ter uma importância mais a frente, mas são dissolvidas da trama como castelos de areia, como a devoção de Dean (Ryan Gosling) com o idoso Walter ou mesmo a cadela morta do casal, mas nenhum desses elementos parecem ter muita importância para a trama que segue mesmo focada no casal protagonista. Dean tem claras desvantagens em relação a Cindy, a começar pela aparência, enquanto Dean tem aparência cansada e um modo acomodado de encarar a vida em um emprego que não gosta e mantendo o seu alcoolismo, Cindy ainda é uma mulher atraente e ainda leva a sério seu desejo de ser bem sucedida sendo uma médica, enquanto Dean não consegue ser mais desejado pela própria mulher e apesar de seus claros dotes musicais e nas palavras da própria Cindy em certo ponto do filme bom em tudo que faz, prefere continuar apenas sustentando sua família sem maiores expectativas. O Ping Pong do início e final de relacionamento acaba que desgastando momentos cândidos como a música que Dean faz para Cindy tocando uquelele e esta sapateia de forma que isoladamente torna a cena um clássico.


VALE DOIS INGRESSOS


Um Lugar Qualquer (somewhere)

by.Queiroz


O público sente pelo início da projeção de Somewhere ou Um Lugar Qualquer, ao assistir a Ferrari preta de Johnny Marco (Sthephen Dorff) dando ininterruptas voltas, a sensação é que o filme terá o tom de fardo durante os seus 90 min. de duração. E o que se vê na cena seguinte é Johnny exausto deitado na cama assistindo ao show de pole dance de 2 gêmeas loiras lindas ao som de My Hero do Foo Fighters e você acaba indignado pelo fato daquele idiota simplesmente fechar os olhos e dormir. E vão se sucedendo cenas e cada vez o público se inclina na cadeira de cinema em posição de sono. Mas aí eis que surge na tela o raio de sol Cleo, a linda Elle Fanning, e sim ela é irmã da Dakota, eis que voltamos a ter a mesma sensação positiva que tivemos ao assistir ao trailer. Sei que é lugar comum, você considerar o trailer melhor do que o filme em si, afinal na edição do trailer fazem o recorte das cenas mais agradáveis, ou veem como é mais viável vender o filme, se alguém quisesse vender Somewhere como comédia conseguiria, e sem dúvida como um drama também, no caso desse é vendido como um filme sobre Pai e Filha. Pois bem, será realmente um filme pai e filha, ou o filme sobre um cara que não soube fazer as escolhas certas? Se for a segunda opção o filme melhora para mim, pois se você crer que na verdade Johnny tinha aptidão para música e não atuação é possível catar pequenas informações sobre ao longo da projeção. Falo dele se vestir com uma camisa com o logo da gravadora independente SubPop, dele ter uma camisa do Black Flag a qual está vestido quando cobrem a sua cabeça de maquiagem para fazer o molde de sua cabeça, e em seguida vemos o trabalho pronto com ele com o rosto de um homem idoso, e muito embora jogar bem Guitar Hero não qualifique ninguém para ser um bom músico, eis que se torna mais uma informação que o rapaz escolheu a profissão errada. Agora se for visto como um filme sobre pai e filha, acho que acaba por ser um espetáculo a parte para a Cleo nas cenas do Guitar Hero, dela patinando perfeitamente, dela cozinhando hambúrgueres, o olhar feio dela para o pai quando uma de suas amantes toma café da manhã junto com eles, e por fim o grande catalisador que vimos no trailer que é a cena da piscina ao som de I'll Try Anything Once do Julian Casablancas uma versão pirata de You only live once dos Strokes, só dá ela. É visível que Sophia Coppola quis realizar um filme para ficar ao lado de Encontros e Desencontros na prateira de DVDs, mas o que conseguiu no fim das contas foi realizar um filme chato.


VALE UM INGRESSO

À Prova de Morte (Death Proof)


À Prova de morte é um filme do Tarantino que faz referencia ao próprio. Desde um celular tocando um assovio de Kill Bill ao Red Apple, Tarantino demonstra seu lado narcisista. Creio que o tema do filme seja esse: A vaidade. Gostosas inacreditáveis rebolam seus lindos corpos usando shortinhos dos mais agradáveis aos olhos masculinos, e alguns femininos é bem verdade, enquanto as garotas podem desfrutar do charme de Kurt Russel na pele do Dublê Mike. Ainda se pautando na força dos diálogos, Tarantino tem o dom de escolher músicas certas para determinada cena. Aqui a que ganha o ar de antológica é sem dúvida a trilha da dança suja da gostosa Butterfly (Vanessa Ferlito). Quentin aproveita para tirar um sarro dos fãs de John Hughes, e digo bons tempos que filme menininha era os dele, e sobra também para 90 min. com a Angie. Eu fui ao cinema munido de algumas informações, uma delas que o filme se dividiria na primeira parte bem Tarantino e a segunda parte, seria o Tarantino fingindo que foi realizado por outro diretor, mas creio que diferente de muita gente que falou, o filme não perde um fio de cabelo de Tarantino (apesar que cá entre nós, o mesmo está ficando meio careca). A verborragia, a trilha sonora impecável e o feminismo durão suas marcas registradas são do começo ao fim.


Capitão América: O Primeiro Vingador

by.Queiroz



Será que é injusto dizer que a melhor atuação de Cris Evans é de seu rosto digitalmente posto no corpo franzino de Steve Rogers? Não mesmo, e foi exatamente o que me comprou no filme. Aquela coragem daquele magricela da qual só faltava a força de um Super Herói. Acho até que o primeiro Homem de Ferro, consegue imprimir um pouco mais de realismo e seriedade, mas no Capitão América isso é desnecessário. Eu antes de ver o filme achei que deveria ser um “Resgate do Soldado Ryan”, com a presença de um super herói, mas depois de assistir, percebi que Capitão América é tão fantasia quanto Thor. E gostei do Capitão América ser designado apenas para essas operações especiais contra a Hidra, pois já caiu no desgaste essa coisa de HQs x História. E no começo o Caveira Vermelha, interpretado pelo sempre bom vilão Hugo Weaving, falando do Cubo de Odin, me lembrou os vilões do Indiana Jones, gostei. Eu também gostei das cenas de ação, principalmente o primeiro confronto do Capitão América com o Caveira Vermelha. E indispensável aquela surrealidade de existir a revista em quadrinho dentro do filme, bem ao estilo do que já tinha sido visto no filme Hellboy, muito bom mesmo. Dos Vingadores, Steve Rogers foi o que teve o romance mais convincente com sua Peggy Carter, interpretada pela linda Hayley Atwell, tendo um bonito desfeixo na trama. Mas, muito embora eu tenha gostado do ritmo acelerado do filme, o Caveira Vermelha e a Hidra mereciam mais uns minutos de filme, e assim como a S.h.i.e.l.d foi nos filmes anteriores, poderia ter sido dado um gancho para ser melhor explorada nas continuações. E já dá uma boa sessão tripla ver Homem de Ferro-I, Thor e Capitão América, antes de assistir aos Vingadores.



VALE DOIS INGRESSOS

A Rede Social

by.Queiroz


Já começo meu texto dizendo que Rede Social merece dois ingressos. É certo que durante 1 h 15min de filme eu ficava me perguntando o porque daqueles irmãos gêmeos insistirem em processar Mark (Jesse Eisenberg) por uma idéia que não foi deles, algo que o reitor de Harvard faz exatamente o mesmo questionamento, de porque eles não criaram um site novo? Ora bolas. Mas, após a aparição Sean Parker (Justin Timberlake), o criador do Napster, e velho "chapa" do Metallica, o filme engrena de forma espetacular. Pois, você vê que não passou aquela primeira hora de filme à toa, que cada fato relatado desde o início da projeção, tinha o seu que de relevância, a paixão platônica pela ex namorada Érica (Rooney Mara), a amizade de Mark e Eduardo(Andrew Garfield), a criação da ferramenta do The Facebook, que perderia o The por uma sugestão esperta de Sean. Enfim, é hilário, o contraste entre a diversão dos nerds com o FaceMash versus a dos veteranos com lindas calouras fazendo strip poker, o que demonstra como David Fincher não perdeu o seu dom de relatar a sociopatia de personagens. No primeiro diálogo do filme entre Érica e Mark, se vê a preocupação do nerd se inserir em um grupo social, tal como o alterego de Tyler Durden em Clube da Luta. “O homem é um animal social”, já disse alguém, e enfim, não importa se você é um nerd ou um remador, os anseios dessas duas classes se equivalem quando há uma obsessão pelo sucesso. Pensando nisso, é interessante pensar que os irmãos gêmeos mimados e ricos(Armie Hammer), se preocupem tanto em obter a criação de Mark, pois nas palavras do próprio, é a primeira vez que as coisas não saem conforme o desejo de ambos, e atletas competentes e ricos tem qualidades que faltam a Mark que como foi dito pela sua amada Érica é o tipo dela. Em contrapartida temos o nerd que acaba ficando rico com sua idéia brilhante. Mas, o dinheiro traz felicidade? Será que uma amizade pode acabar por causa de 0,3% de um negócio?Será que se um dia você se tornar bilionário, isso te fará esquecer a sua paixão de faculdade?Perguntas bobas eu sei, mas não é mais bobo questionar se um pião caiu ou não? A rede social será um clássico para a geração 2.000, assim como Curtindo a vida adoidado foi para a geração 80? Só o tempo dirá, isso se não escreverem antes no Facebook.

VALE DOIS INGRESSOS

TRON

by.Queiroz

Tron, O legado poderia ter superado Matrix com seus vários conceitos de criação de um novo universo, e novas vidas desse universo tecnológico, mas freiou seus impulsos no momento decisivo. É bem verdade que fechou com chave de ouro a temporada dos blockbusters de 2010, um ano que teve Inception como um dos concorrentes, e cuja a covardia na distribuição do filme Scott Pilgrim, um ótimo filme que infelizmente teve só três cópias enviadas para o Brasil, fez com que as grandes platéias brasileiras, deixassem cair o maxilar apenas após a exibição de Tron, O legado. Infelizmente todo o conceito criado na obra de 1982, não foi suficiente para que o filme não caísse no piegas lugar comum. O zizage de moto de Sam Flynn ao som de sintetizadores ainda no mundo real, me causou muito mais emoção do que a disputa de motos dentro da Grade, salvo quando a corrida de motos sofre a interferência da linda Quorra (Olivia Wilde), a última ISO, pilotando um carro de corrida. Por exemplo, a curva de 90.° do primeiro filme foi dispensada do novo por a equipe de efeitos especiais considerar que ficaria ridícula nos tempos de hoje. A luta de gladiadores com os que vou chamar de “discos de vida”, realizada nos dias de hoje faz ruborizar os realizadores da luta de discos do original de 1982, realmente o salto de tecnologia realmente atesta que a continuação de Tron foi realizada no ano certo. No entanto, eu que vi o primeiro Tron na minha tenra infância, filme esse que não teve tantas reprises assim, não entendo a importância do Tron neste universo. Sei que ele luta pelos Usuários, mas no contexto do Tron, Legacy, o personagem(Bruce Boxleitner) perdeu a sua importância, tornando Clue(Jeff Bridges), o grande diferencial no filme, na faceta de um tirano responsável pelo massacre dos ISOs criaturas que nas palavras de Kevin Flynn (Jeff Bridges) surgiram do nada como a chama, e falando do contexto emotivo, acho que faltou alma. Quantas vezes Sam e Quorra se beijam no filme? Nenhuma. Há coisas muito legais como o apartamento de Kevin Flynn retratando seu desejo de fugir da “equação”, tendo livros empoeirados, Julio Verne um deles, o preferido de Quorra, e sem dúvida a maneira como Kevin, se torna um Dalai Lama, e é lindo o efeito especial aquela luz com pequenos feixes subindo, é muito maneiro, e é muito legal a cena em que Kevin está presente na discoteca de Castor (Michael Sheen), e um dos programas se ajoelha fazendo reverencia, e a trilha sonora, tem que ganhar todas as premiações jurados, é bem merecido, mas para por aí. Clue(Jeff Bridges) que viria a combater a dita “tirania” dos Usuários no clímax do filme quando “tememos” finalmente o contato do mundo virtual com o mundo real sendo travada uma verdadeira guerra, o que faria muito bem ao filme até para alimentar a pretensão de realizar uma continuação, mas não a opção pelo final feliz, evitando aquilo que seria o verdadeiro encontro de Matrix com o Exterminador do Futuro e um mar de possibilidades foi jogado fora, infelizmente. Como diversão, é ótimo, é divertido, uma festa para os olhos com seus efeitos especiais, mas está longe de estar tão a frente de seu tempo quanto o Tron original . Como atração em 3D, em poucos momentos percebi a diferença, a não ser quando Tron e Sam gladeiam, e nos momentos em que era atirado um arpão, mas fora isso. Ah, sim Daft Punk de volta as pistas com força.

Estreiando aqui minhas classificações de filmes, Tron, Legacy, vale Dois ingressos.

Super 8

by.Queiroz



É complicado quando o pano de fundo de uma estória se torna mais interessante que a própria estória em si. E simplesmente é o que acontece com Super 8. A ambientação no final dos anos 70, (aliais uma especialidade da equipe de JJ Abrams perceptível desde a série Lost, relativa a ambientações de época), com direito a easter eggs de Star Wars e uma capa de uma revista da Detective Comics com o Coringa e Batman na capa, o surgimento dos primeiros walkman, e com direito a Blondie, e o relacionamento das 6 crianças do filme: Joe Lamb (Joel Courtney), Alice Dainard (Elle Fanning), Charles Kaznyk (Riley Griffiths), Cary (Ryan Lee), Martin (Gabriel Basso), Preston (Zach Mills), são muito mais interessantes do que trama governamental/alienígena que JJ Abrams queira contar. Mas, o filme, é claro, tem seus momentos charmosos, como por exemplo, a cena em que Alice e Martin ensaiam com um suposto figurante, e Alice consegue impressionar transmitindo toda a emoção que a cena lhe exigia. E sem dúvida Ellen Fanning faz bonito tanto sendo a mocinha do curta O Caso, quanto nas situações difíceis encaradas por Alice, como o seu relacionamento conturbado com seu pai. É muito legal a cena em que Joe orienta Alice a como atuar como uma zumbi, e este com um olhar fascinado a vê se aproximando com os trejeitos de zumbi, até que esta inadvertidamente beija o seu pescoço. E falando dos pontos em comum entre Joe e Alice, realmente o filme cai no velho clichê de que para ter crianças partindo para uma grande aventura, deve-se por sua vez anular a figura dos pais, e um dos caminhos mais fáceis para isso é torna-lós órfãos. É sem dúvida tocante a cena em que assistindo um vídeo numa super 8, Joe se ve junto a sua mãe em tenros momentos de sua infância, e Alice fica triste por um suposto acidente que envolveria seu pai. E sem sobra de dúvida Joe lembra em muito Elliot de ET, O extraterrestre, e o Super 8, no que tange o lado homenagem ao estilo do mestre Spilberg, se sai muito bem, mas no que se trata de contar uma nova estória que impressione, fica muito aquém. O monstro da expectativa realmente foi criado com o ótimo teaser trailer da criatura amassando a porta de metal por dentro, o que é decepcionante no filme, que a cena é feita do ângulo de Joe. E muito mais decepcionante quando finalmente vemos a criatura. Aliais eu já devia saber que JJ Abrams + Monstros = Decepção, e isso sempre. Antes tivesse escolhido zumbis, pois o filme ganharia um tom de surrealidade bem mais interessante.


Super 8 em si merece apenas Um Ingresso, mas o curta exibido nos créditos O Caso merece Três Ingressos, no fim das contas Super 8...

VALEU DOIS INGRESSOS